O imediatismo tem duas manifestações. A primeira é no consumo, quando a pessoa quer comprar agora, não pode esperar nem um pouco mais. Viver o aqui e o agora é uma ideia tentadora, até romântica.
O mundo do marketing e da publicidade explora isso de maneira muito agressiva tentando, a todo tempo, nos persuadir a comprar as coisas imediatamente, usando chamadas tentadoras como “você merece”, “dê a você mesmo este prazer” e por aí vai.
A segunda manifestação é na acumulação de recursos, seja para ter uma reserva de emergência, para investir ou para se preparar para a aposentadoria. Pessoas imediatistas sofrem de algo que os psicólogos chamam de desconto intertemporal, que é a tendência que temos de dar excessiva importância para o curto prazo e ver as coisas de longo prazo como se estivessem na eternidade.
Um caso clássico de desconto intertemporal é o velho e bom conflito entre o bolo de chocolate e o corpinho sarado no verão. O que é melhor? O prazer imediato (porém passageiro) do bolo ou o de ser mais saudável? Muita gente pensa “Bem, eu posso comer o bolo agora, pois ainda falta muito tempo para o verão e dá tempo de se preparar”. O problema é que um dia o verão chega.
O mesmo raciocínio vale para investimentos e aposentadoria. Muita gente prioriza o prazer de curto prazo (“Vou fazer aquela viagem ou comprar um carro novo a prestações AGORA”) e negligência o longo prazo (“Posso começar a guardar dinheiro no ano que vem, ainda tenho muito tempo pela frente”). Um dia, porém, o longo prazo se torna curto, e aí vem o pânico e a sensação de ter de correr para sanar o prejuízo.
Aqui entre nós, existe coisa mais inútil do que planejar o futuro? Nós sequer sabemos se estaremos vivos nos próximos cinco minutos, que sentido faz esquematizar os próximos cinco anos e deixar de curtir a vida aqui e agora?
A lógica desse pensamento é perfeita – não temos nenhum controle sobre o futuro, portanto fazer planos é exercício inútil e perda de tempo. Contudo, a prática (também a ciência) mostra que pessoas que têm uma visão de longo prazo, ainda que imperfeita e imprecisa, acabam tendo um desempenho melhor que as pessoas que estão concentradas no curto prazo.
Em 2012, o Teste do Marshmallow voltou a ser bastante mencionado na mídia não só pelos quarenta anos da experiência, mas também porque alguns pesquisadores começaram a questionar a validade dos resultados e a consistência da metodologia do teste, apesar de a correlação entre a capacidade de resistir às tentações no curto prazo e o sucesso na vida ser indiscutivelmente forte.
De qualquer forma, é uma evidência válida de que pessoas que conseguem pensar lá na frente acabem se dando melhor.
É verdade que os planos não são perfeitos. Afinal, muitas vezes na vida planejamos algo e o resultado não foi o desejado originalmente. Entretanto, isso não tira a importância de planejar a vida, em especial o lado financeiro.
Os planos não são escritos na pedra, são dinâmicos, mudam e são adaptados com o tempo. Eles não servem para prever o futuro, e sim para nos dar um rumo, um caminho. Um planejamento é também uma maneira de nos conhecermos e, no caso de um planejamento financeiro, de conhecer nossas contas, nossos ganhos e nossos padrões de gastos.
Pessoas que não planejam e que não conseguem pensar no longo prazo acabam gastando demais, adquirindo coisas sem ter os meios para pagar e não fazendo os investimentos profissionais (que geralmente são de prazo maior) para ter uma boa renda.
Apatia
Muita gente tem a seguinte opinião sobre finanças: “Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”. Apatia é o principal causador da fobia financeira. Há aquelas pessoas que tem medo de olhar o extrato bancário para não ver o “estrago” e que colocam todas as contas em débito automático e nem olham as faturas para não se irritar. Talvez você conheça alguém assim, pois é muito comum encontrar pessoas que evitam o assunto.
Há também aquelas pessoas que desdenham do assunto, dizendo que “se preocupar com dinheiro é coisa de pobre”, e aquelas que acabam assumindo, falsamente, que finanças é um assunto muito difícil e complicado e que não conseguem entender.
Essas são ideias equivocadas porque não é preciso conhecimento avançado de finanças para ter uma vida perfeitamente organizada. Basta ter informações iniciais e executar!
As pessoas apáticas costumam fazer duas coisas: deixam ao deus-dará, sem saber se têm dinheiro sobrando ou faltando, e simplesmente vão levando a vida; ou entregam a vida financeira na mão de outra pessoa.
Muita gente, quando perguntada sobre algum assunto financeiro, responde logo de cara que quem cuida dessas coisas é seu cônjuge, por exemplo. Essas pessoas estão, como diz uma velha piada, confundindo delegar com de-largar.
A principal consequência da apatia financeira é a fobia financeira, porém em casos extremos ela também pode levar a pessoa a um estado de desorganização financeira que acaba colocando-a em uma posição de desequilíbrio – e já sabemos que desequilíbrio financeiro gera desnutrição financeira que, por sua vez, termina em endividamento severo.